2 de set. de 2023

O Tambor de Mina no Maranhão


  Além dos orixás, outras divindades foram trazidas da África pelos escravos: Os Inquices dos povos bantos, praticamente esquecidos e substituídos pelos Orixás Nagôs nos candomblés bantos, e os voduns originários de povos Ewê-fons, de região do antigo Daomé, hoje república do Benim, designados jejes no Brasil.

   O culto aos voduns sobreviveu na Bahia e no Maranhão.  Em Salvador e cidades do Recôncavo, a religião dos voduns é denominada Candomblé Jeje-Mahim.  No Maranhão recebeu o nome de tambor-de-mina.

  Na Bahia é pequeno o número de grupos de culto Jêje em comparação com o número de casas de Orixá.

  No Maranhão os voduns estão presentes em praticamente todas as casas de culto afro-brasileiro e os orixás ali cultuados nas casas de vodum são igualmente chamados de voduns, às vezes com a referência de que se trata de um Vodum Nagô e não Jêje.

  Os Orixás tornaram-se bastante populares em quase todo o  Brasil, e sua popularidade pode ser medida por sua presença expressiva na cultura popular brasileira (incluindo literatura, teatro, cinema, telenovela, música popular, carnaval, culinária), mas os voduns são praticamente desconhecidos nas cidades onde mesmo os adeptos de religiões afro-brasileiras pouco sabem desses deuses tão cultuados em São Luís do Maranhão.

 Os Voduns no Maranhão

   Em São Luís e outras cidades do Maranhão, a religião dos voduns recebeu o nome de tambor-de-mina, alusão à presença constante dos tambores nos rituais e aos escravos minas, como eram ali designados os negros sudaneses.

   Trata-se de religião iniciática e sacrificial, em que os sacerdotes são ritualmente preparados para "incorporar" as divindades em transe.  As entidades manifestadas, que podem ser voduns ou encantados (espíritos), vêm à terra para dançar em cerimônias públicas denominadas tambor.  As entidades são assentadas (fixadas em artefatos sacros) e recebem sacrifício, com oferta de animais, comidas, bebidas e outros presentes.  

   Segundo tradição africana que se manteve no Brasil, cada humano pertence a um vodum, sendo para ele ritualmente consagrado em cerimônias iniciáticas, como ocorre no candomblé dos orixás.  

   O Tambor-de-Mina, assim como outras modalidades religiosas afro-brasileiras, apresenta forte sincretismo com o catolicismo e suas festas têm um calendário colado ao da Igreja Católica, como exemplo as festas de Santa Barbara e a do Divino Espirito Santo.

   No Maranhão, festas e folguedos populares de caráter profano, como o bumba-meu-boi e o tambor-de-crioula, estão muito associados ao tambor-de-mina.

  Dois dos antigos terreiros de São Luís, fundados por africanas em meados do século passado, sobreviveram até os dias de hoje e constituem a matriz cultural do Tambor-de-Mina a Casa Grande das Minas (Kuerebentan Zomadonu) e a Casa de Nagô (Nagon Abioton). 

  Entende-se por Matriz cultural, a herança de seus rituais, cultura tais como canticos, lendas, credo e etc.

    A Casa Grande das Minas


   De cultura Jêje, a Casa das Minas, como é comumente conhecida, é um terreiro de culto exclusivo dos Voduns, os deuses Jêjes, os quais, entretanto, hospedam alguns Voduns Nagôs, ou Orixás, não havendo culto a encantados ou caboclos.  

   Seu panteão é bastante numeroso e bem organizado, sendo os voduns reunidos em famílias.  Tendo alcançado enorme prestígio, a Casa das Minas encontra-se hoje em processo de extinção, pois há muitos anos não se faz iniciação de novas dançantes, ou vodunsi, nomes dados às devotas que incorporam os Voduns em transe.

  As dançantes remanescentes estão reduzidas a poucas mulheres já idosas e mesmo elas não contam com iniciação completa e desde aproximadamente os anos de 1913 ou 1914, não se faz iniciação de vodúnsi-gonjaí (Mulheres que tiveram a iniciação completa).

  Todas elas têm um nome africano particular que lhes foi dado por uma Tobóssi.

  Foram portanto iniciadas como Vodúnsi-he (Sem a iniciação completa).

  Nenhum outro terreiro se originou diretamente da Casa Grande das Minas, mas sua influência no Tambor-de-Mina é enorme, com seus deuses e ritos, merecendo suas sacerdotisas grande respeito entre os praticantes e a siciedadae local. 

  A Casa de Nagô (Nagon Abioton)


  De origem Yorubá, a casa de Nagô, cultua voduns, orixás e encantados ou caboclos, que são espíritos de Reis, Nobres, índios, turcos etc.  

 Desta casa originaram-se muitos terreiros, proliferando-se por toda São Luís e outras localidades da região um modelo de Tambor-de-Mina bastante baseado nessa concepção religiosa de culto a voduns e encantados, encantados que em muitos terreiros têm o mesmo status de divindade dos voduns, com eles se misturando nos ritos em pé de igualdade.

  Herança do Tambor de Mina


  Entre outras casas de mina de São Luís, igualmente antigas, destacam-se o Terreiro do Egito (Ilê Axé Niamê) e o Terreiro de Manuel Teu Santo, os quais deram origem a cerca de vinte terreiros, multiplicados em muitos outros brasil afora.  

  Do Terreiro do Egito originou-se o Terreiro de Iemanjá, que tem papel destacado na história do Tambor-de-Mina pois seu fundador, Pai Jorge Itacy, conhecido como Jorge Babalaô,  foi e ainda é, figura importante entre os adeptos e praticantes da religião.

  E assim terminamos por aqui mais um pouco do entendimento sobre o que é o Tambor de Mina, continue navegando pelo blog que tem muito mais. Um grande abraço carregado dse Axé para vocês!

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