ÈLÈNÍNÍ a inimiga de Orí
Olá
meus irmãos!
Hoje eu trago para vocês esse lindo Itan (História), para juntos aprendermos sobre obediência, força de caráter, responsabilidade e principalmente o cuidado com nosso Orí, fechando as portas para a entrada da negatividade em nossas vidas.
ÈLÈNÍNÍ, A INIMIGA DE ORI!
Os
Iorubás não concebem um ser maligno, como o diabo judaico-cristão, que objetiva
unicamente destruir a obra do Criador, prejudicando as pessoas.
Contudo,
os africanos identificavam uma divindade cuja atribuição seria criar
obstáculos, dificuldades na realização do destino dos seres Humanos. Esta é ÈLÈNÍNÍ, conhecida também como: Ido Boo e ainda chamada de Yeyemuwo (“mãe da desgraça”).
ÈLÈNÍNÍ é a
guardiã da câmara interior de Olodumare,
local onde o destino é escolhido por cada ser antes de nascer. ÈLÈNÍNÍ é a testemunha de nossas
aspirações diante do Criador.
Quando
Olodumare autorizou a vinda dos
Orixás a Terra, teria enviado também ÈLÈNÍNÍ
para lhe informar o comportamento dos deuses.
Segundo
o Babalawò Awofa Ifakemi Miguel, ÈLÈNÍNÍ é “… uma divindade mitológica da desgraça e do obstáculo enviada por
Olodumare para aniquilar as divindades que se mantiveram no Aiyê com um mau
comportamento.”
ÈLÈNÍNÍ
testa nossa determinação e nosso caráter, oferecendo tentações e armadilhas que
põem em risco os propósitos originalmente eleitos por nós diante de Olodumare.
Como
a atribuição de ÈLÈNÍNÍ é criar
dificuldades para testar nosso caráter, conflita diretamente com Orí, cuja regência é guiar os homens e
mulheres pelo seu destino. Por isso, ÈLÈNÍNÍ
é considerada como a “inimiga de Ori”.
Apesar
de sua forte influência e iminente risco ao bem-estar dos Homens, ÈLÈNÍNÍ não recebe nenhum culto direto
na Nigéria ou em qualquer outro local de influência Iorubá. ÈLÈNÍNÍ é afastada com o culto ao Orí e com a prática do bom
caráter.
Quando
um indivíduo está dominado por ÈLÈNÍNÍ,
este se torna cego e surdo. Seu Orí
está em desequilíbrio e passa a ser uma companhia perigosa aos incautos. Estar
em companhia destes, ou em locais repletos de pessoas tomadas por ÈLÈNÍNÍ, torna-se perigoso.
Segundo
os Iorubás, quando o trabalho de ÈLÈNÍNÍ
entra em fase final, é preciso um grande esforço de Orí e da ajuda dos Orixás
para haver a superação.
Os
dominados por ÈLÈNÍNÍ têm suas vidas
marcadas pela derrota, pelo fracasso, pelo desregramento.
Muitos
casos de loucura e de surtos de violência, em verdade, são resultantes do
domínio de ÈLÈNÍNÍ, quando esta
consegue desvirtuar o Homem de seus objetivos, levando-o à derrota inevitável.
Somos
frequentemente atacados por ÈLÈNÍNÍ,
todavia, através de recomendações do Oráculo, somos alertados e recomendados a
fazer determinados Ebós, ou a mudar atitudes que podem levar a resultados
perniciosos em nossas vidas.
Apesar
do perigo que representa ÈLÈNÍNÍ,
esta divindade não é vista pela filosofia Iorubá propriamente como algo “demoníaco”, mas como um contraponto,
capaz de nos valorizar, e ÈLÈNÍNÍ
nos obriga a exercitar o bom-senso e a fortificar Iwá (o caráter).
Todas
as ações humanas que enfraquecem o Orí,
tais como excessos de álcool, as drogas, a promiscuidade, locais onde ÈLÈNÍNÍ impera amizades nocivas,
facilitam a influência da Yeyemuwo.
Ao vencermos nossas fraquezas, derrotamos ÈLÈNÍNÍ.
Segundo
a tradição Iorubá, antes de virmos ao mundo, devemos antes fazer uma oferenda a
ÈLÈNÍNÍ. Aqueles que teimam e nada
ofertam a ÈLÈNÍNÍ, passam por grandes
tribulações na vida e nada realizam.
O
poema que relata a vinda do Odú
Irosun-Meji para o mundo menciona sua relação com esta divindade. Vejamos
abaixo.
IROSUN-MEJI VEM PARA O MUNDO
Antes
de Irosun- Meji vir ao mundo foi consultar Ifá.
Ifá o avisou para fazer sacrifício
com um galo e uma tartaruga para a divindade do infortúnio (ÈLÈNÍNÍ
ou Ido Boo) e um bode para Èşu. Também foi recomendado a dar uma
galinha d´angola para seu anjo guardião.
Ele,
no entanto se recusou a fazer algum dos sacrifícios, e então veio ao mundo onde
estava praticando a arte de Ifá.
Quando cresceu, era tão pobre que não podia ter recursos para casar sossegado e
ter um filho e o sofrimento se tornou tão severo para ele, que este decidiu
jogar suas sementes de Ifá fora.
Nesse
ínterim, teve um sonho no qual seu anjo guardião surgiu-lhe falando que ele era
o único responsável por seus problemas porque tinha teimosamente recusado a
fazer o sacrifício prescrito.
Quando
acordou de manhã, decidiu consultar seu Ifá
e foi então que compreendeu que foi seu guardião que surgiu para ele na noite
anterior, rapidamente providenciou fazer sacrifício para seu Ifá e deu um bode a Èşu.
Ifá
avisou-o para retornar para o céu para informar a Olodumare como falhou ao não agradar ÈLÈNÍNÍ, e para seu retorno ao céu, foi avisado a levar um galo, um
jabuti, um pacote de inhames, uma cabaça de água, uma de óleo, pimenta, quiabo
e rapé.
Ele
então juntou todas as coisas e empacotou-as em sua bolsa divinatória (AKOMINIJEKUN ou AGBAVBOKO) e partiu.
Após
viajar até o limite entre o céu e a terra, ele teve que atravessar sete colinas
antes de chegar ao céu, e Lá chegando foi direto ao palácio divino, onde
encontrou ÈLÈNÍNÍ (a guardiã da
câmara divina – a divindade do infortúnio ou Yeyemuwo, a mãe dos obstáculos).
Ele
se ajoelhou na câmara divina e proclamou que viera com toda humildade para
renovar seus desejos terrestres. Yeyemuwo
disse que era ainda cedo da manhã para fazer algum pedido porque não havia
comida na casa. De sua bolsa divinatória, ele retirou imediatamente a lenha,
água, óleo, pimenta, sal, quiabo, rapé e por fim o galo, todos os quais a mãe
dos obstáculos exigiu em troca, em sua usual tática atrasando-o, mas Irosun-meji estava completamente
preparado e depois disso, Yeyemuwo permitiu-o fazer seus pedidos.
Como
era proibido ajoelhar-se no chão descoberto, ele então se ajoelhou na tartaruga
a qual trouxe da terra, e após fazer seus pedidos, Olodumare o abençoou com seu cetro divino. Quando Yeyemuwo ouviu o som do cetro,
rapidamente terminou sua culinária, mas antes de ela poder sair, Èşu indicou a Irosun-meji a partir rapidamente para a terra.
Quando
a mãe dos obstáculos emergiu por fim da cozinha, perguntou a Olodumare pelo
homem que tinha estado fazendo seus pedidos e o pai todo poderoso replicou que
ele tinha ido, e quando ela questionou o porquê ele não pediu ao homem para
fazer bons e maus pedidos, Deus replicou que não era sua tradição interferir
quando seus filhos estavam fazendo seus pedidos.
A
despeito de todos os presentes que ele tinha dado a Yeyemuwo, ela, no entanto rapidamente partiu em rápida perseguição
de Irosun-meji.
Quando
estava perseguindo-o, ela cantou:
“Ariro
sowo giniginimoko
Irawo
be sese Le eyin eron;
Oju
ima ki irawo ma bi eronise;
Olo
Oríre omomi duro demi buwo ooo”
Ele
replicou com um refrão de uma canção dizendo que ele já tinha feito o
sacrifício e seus pedidos, não faltando nada, e enquanto estava cantando ele
estava correndo em frente apavorado.
Quando
Yeyemuwo viu que ela não conseguiria
capturá-lo, ficou quieta e esticou seu polegar e disparou através de suas
costas com ele. Aquela é a linha oca que corre por meio da espinha dorsal do
ser humano, até hoje, a qual está nos recordando constantemente que a única
maneira que nós podemos escapar das longas mãos do infortúnio é fazendo sacrifício.
Com
aquela marca Yeyemuwo proclamou a Irosun-meji e para o resto da humanidade
– nunca lembrar seus pedidos celestes chegando a terra, visto que os olhos não
podem ver as costas do corpo e que antes de dar conta de seus pedidos, ele
teria que andar nas trevas por um longo tempo e experimentar um processo muito
sofrido.
A
dor do ferimento fez Irosun-meji
inconsciente e ele caiu em um transe de total escuridão. Quando levantou, se
achou em sua cama na terra. Ele havia esquecido tudo que aconteceu desde então.
Todavia
ele circulou seus negócios e prosperou depois.
CONCLUSÃO
Então,
meus irmãos, cultue seu Orí, fortaleça seu Orí, acate as recomendações de Ifá (Oráculo) e se afaste de perigos em
aglomerações, bebidas, drogas, para não ser atacado e permitir a ação de ÈLÈNÍNÍ.
Isso
não quer dizer que você deva ficar trancado em casa e não curtir a vida social.
Mas
antes de ir para sua festa, jogue com Ifá,
pergunte a Ésu o que você deve fazer
para se proteger de energias negativas.
Conectar-se
ao seu Ésu Bara para que nos alerte de possíveis perigos à nossa volta, como
brigas, tiros, agressões e drogas.
Lembrando
sempre :
“Ko sí
Òòsà tí i dá´ni gbè léhìn Orí eni”
“Nenhum Orixá abençoa uma pessoa antes de
seu Orí”
E
assim terminamos mais um Post com um grande aprendizado, convido aos irmãos a deixarem um comentário sobre o Post, não importa qual seja, será um grande prazer lê-los. Desejo a todos um
grande abraço e muito axé!.
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